Bainha de couro trançado - início da confecção

Ontem à noite eu comecei a fazer uma bainha em couro trançado, que será a "roupa" de uma faca que terminei a algum tempo atrás e que será presenteada a um grande amigo, o também cuteleiro Gustavo Engel.

E aproveitando a confecção, vamos a mais um passo-a-passo.

Estou utilizando 23 cordões de couro camurça, com aproximadamente 1 metro e meio de comprimento.



É muito importante marcar o centro de cada um dos cordões, para que o trançado permaneça correto.




O próximo passo é passar um dos cordões alternadamente por todos os outros.


Para a segunda passada, é bastante útil usar um livro para manter os demais cordões no lugar.


A segunda passada é feita com a outra metade do primeiro cordão, com alternâncias invertidas em relação a primeira.




No final da segunda passada, cada ponta do cordão deve ser levada para o lado inverso, efetuando mais um cruzamento.


Início da segunda passada, sempre invertendo as alternâncias em relação as passadas anteriores.


Após quatro passadas, o trançado já pode ser apertado. Vá trabalhando aos poucos, um cordão de cada vez, até que o trançado fique mais compacto.




Prosseguindo com as passadas.


Às vezes pode ocorrer de algum dos cordões rebentar, principalmente porque o couro camurça não é muito resistente a tração.


Neste caso deve ser feita uma amarração provisória com linha de cor contrastante. Esta linha será depois cortada e a emenda ficará praticamente invisível. ATENÇÃO: Jamais use cola para juntar os pedaços. O cordão ficará muito rígido na área colada e não vai ter jeito de esconder a emenda.



Por enquanto, é isto. Vou levar alguns dias (provavelmente algumas semanas...) para concluir a bainha. Mas vou tirar mais fotos e depois complemento este mini tutorial.




Até a próxima!

Ajustando uma mola de balanço

Hoje eu me arrisquei pela primeira vez numa manutenção que é considerada das mais difíceis dentro da relojoaria, o ajuste da mola do balanço, também conhecida como mola cabelo ou espiral do balanço.

Mas deixo já um aviso a quem quiser tentar o mesmo: utilize uma sucata! A possibilidade de se danificar irreversivelmente a mola é muito grande.

No meu caso, eu utilizei o balanço daquele Orient Azul que recebeu PT a alguns dias atrás. Pensei: o balanço está danificado mesmo. No máximo vai piorar...

Bem, retirei o conjunto do balanço e então com o auxílio de uma pinça fina, uma agulha e alguns copos de café, procurei desentortar as deformidades da mola, um pouco de cada vez, até que ela voltasse a forma original.

Foi um processo bastante demorado (quase 2 horas), mas no final até que ficou aceitável.

Instalei novamente o balanço (depois de ter feito uma limpeza e lubrificação da rodagem completa) e a máquina voltou a funcionar!

Infelizmente não fiz fotos do processo, porque fiquei bastante entretido no processo.

Tenho mais alguns movimentos com problema de balanço e vou tentar mais algumas vezes o procedimento. Na próxima eu faço fotos. Prometo!



Até a próxima





PS.: Já aproveitei e arrumei o mecanismo do calendário e providenciei um novo mostrador (verde varejeira...). Acho que vai sair mais um relógio para a coleção...

Desmonte completo - Seiko 6119-C

E ai está, como prometido: a sequência de desmontagem completa de um relógio. Neste caso, é um Seiko 6119-C (início da década de 70).

Como podem ver nas primeiras fotos, a caixa e o mostrador estão imprestáveis, porém a máquina ainda tem salvação... Embora o balanço não esteja muito bom.

As fotos mostram, passo a passo, a sequência de desmontagem que eu utilizo. Não sei se é a mais correta, mas é a que tem funcionado para mim. Tirei uma foto a cada peça removida. Assim, se alguém quiser tentar também, é só seguir os passos. Para remontar, é só ir voltando...

Para ampliar as fotos é só clicar sobre as mesmas.



Um pequeno parenteses aqui: Eu prefiro retirar o balanço antes mesmo de desmontar o mecanismo do calendário. Como ele é a parte mais sensível do mecanismo, acho melhor ele ficar protegido o quanto antes...


E voltamos a sequência principal...


Aqui uma dica de ouro: evite descarregar a corda removendo a âncora. O modo correto é liberando o cliquê (a mola em formato de haste sobre o tambor de corda), girando o parafuso da roda de carga até que a corda esteja totalmente desenrolada e finalmente removendo a roda de carga.

Um agradecimento especial ao Adriano do Fórum Relógios Mecânicos (http://forum.relogiosmecanicos.com.br) por esta inestimável dica.



Depois de tudo desmontado, deixo as peças mergulhadas em benzina por uma meia hora. Como não tenho máquina de limpeza, vou tirando as peças uma a uma e limpando manualmente com um pincel.



Apenas por curiosidade, um "antes e depois" da limpeza do tambor da corda. Reparem na quantidade de sujeira acumulada...


Agora é lubrificar o movimento, providenciar um novo mostrador e uma nova caixa e o relógio terá mais alguns bons anos de serviço.



Até a próxima